INTRODUÇÃO
Esta experiência científica é realizada
a propósito do subtema ”Combustíveis, Energia e Ambiente” e visa relacionar os
conceitos de densidade, como esta varia com a temperatura bem como a dilatação
térmica. Deste modo, com a atividade “Lava Luz”, pretendemos criar um efeito
visual atrativo e consolidar os conhecimentos sobre os processos de conversão
de energia.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Energia e calor
Aquando do estudo das
variações de energia, a porção de estudo é designada de sistema e a vizinhança
é o espaço em redor que varia conforme a situação. Existem diferentes tipos de
sistemas:
Figura 1- Esquema
explicativo dos tipos de sistemas: isolado, fechado e aberto.
Se o sistema for isolado, a sua
energia interna mantém-se constante. Caso contrário, pode haver transferências
de energia.
Figura 2- Esquema explicativo
dos processos de transferência de energia: calor, trabalho e radiação.
Relação da termodinamica com o calor
A termodinâmica trata da relação
entre o calor e as outras formas de energia. A energia pode ser transferida
através de interações entre o sistema e suas vizinhanças. Estas interações são
denominadas calor e trabalho.
®
A 1ª Lei da Termodinâmica governa quantitativamente estas interações e pode ser
enunciada assim: "A variação de energia de um sistema é sempre igual à
transferência de energia na
forma de calor e trabalho".
®
A 2ª Lei da Termodinâmica aponta a direção destas interações e pode ser enunciada
assim: "É impossível o processo cujo único resultado seja a transferência
líquida de calor de uma região fria para uma região quente".
Fluxo de calor
Para que um corpo seja aquecido,
normalmente, usa-se uma fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte
capaz de fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo.
Definimos fluxo de calor (Φ) que a
fonte fornece de maneira constante como o quociente entre a quantidade de calor
(Q) e o intervalo de tempo de exposição (Δt):
Efeitos do calor
Quando uma substancia é aquecida,
podem dar-se mudanças a nível dessa susbtância:
Figura 3- Esquema explicativo dos efeitos do calor numa substância:
mudança de temperatura, estado e volume.
Os conceitos de calor e temperatura
são distintos.
Podemos definir temperatura como
sendo uma medida da energia cinética média das moléculas ou átomos individuais
constituintes do sistema enquanto que calor é definido como energia cinética
total dos átomos e moléculas que compõem a porção em estudo. A sua distinção é
mais concreta aplicando a um exemplo real:
®
A
temperatura de um copo de água a ferver é a mesma que a da água a ferver de um
balde. Contudo, o balde de água a ferver tem uma maior quantidade de energia
que o copo de água. Portanto, a quantidade de calor depende da massa do material,
a temperatura não. (Q=mcΔT).
Figura 4- Esquema
explicativo acerca da diferença entre tempertaura e calor.
Embora os conceitos mencionados sejam
diferentes eles são relacionados. O fluxo de calor só se processa entre
sistemas a diferentes temperaturas, como já foi mencionado, e graças ao ganho
ou à perda de energia, a temperatura do corpo pode alterar-se.
Se uma reação é exotérmica (Einicial > Efinal)
ocorre num sistema:
·
Isolado- a temperatura do sistema aumenta;
·
Fechado- a temperatura do sistema aumenta e
depois evolui para a temperatura ambiente.
Se uma reação é endotérmica (Einicial < Efinal)
ocorre num sistema:
·
Isolado- a temperatura do sistema diminui;
·
Fechado- a temperatura do sistema diminui e
depois evolui para a temperatura ambiente.
O calor é, portanto um fenómeno
transitório, que cessa quando não existe mais uma diferença de temperatura. Os
diferentes processos de transferência de calor são referidos como mecanismos de
transferência de calor. Existem três mecanismos: radiação, condução e
convecção.
A radiação consiste na propagação da
energia sob forma de ondas eletromagnéticas viajando à velocidade da luz sem
necessitar de um meio para se propagar.
A condução ocorre dentro de uma
substância ou entre substâncias que estão em contato físico direto. Na condução
a energia cinética dos átomos e moléculas (isto é, o calor) é transferida por
colisões entre átomos e moléculas vizinhas. O calor flui das temperaturas mais
altas (moléculas com maior energia cinética) para as temperaturas mais baixas
(moléculas com menor energia cinética).
A capacidade das substâncias para
conduzir calor (condutividade) varia consideravelmente. Normalmente, os sólidos
são melhores condutores que líquidos e líquidos são melhores condutores que
gases. Num extremo, metais são excelentes condutores de calor e no outro
extremo, o ar é um péssimo condutor de calor.
A convecção ocorre somente em
líquidos e gases. Consiste na transferência de calor dentro de um fluído através
de movimentos do próprio fluído existindo transporte de matéria. A convecção
ocorre como consequência de diferenças na densidade do ar resultando as
correntes de convecção.
Figura 5- Exemplicação
de mecanismos de transferência de calor.
As correntes de convecção são os
movimentos dos fluidos graças à diferença de temperatura e, por conseguinte, de
densidade.
Quando
aquecemos um fluido, inicialmente só a região próxima a fonte de calor se
aquece, as partículas dessa porção irão possuir uma maior energia cinética que
fará com que essas vibrem ocupando assim um maior espaço, ou seja, expandem-se.
Figura 6- Variação da energia cinética das partículas com o calor.
Esse aumento no volume, sem alteração
na massa, leva a uma diminuição da densidade do fluido nessa região. Como os
fluidos densos ficam abaixo dos menos densos, o fluido aquecido e menos denso
começa a subir provocando assim uma corrente ascendente.
Figura 7a- Correntes de convecção ascendentes.
À medida que a corrente quente sobe,
vai ocorrendo o aquecimento dos níveis acima, enquanto isso ela própria vai
esfriando, sofrendo agora um processo inverso ao inicial, pois a sua densidade
volta a aumentar, por consequência disso volta a descer, reiniciando o
processo. Formando-se assim as correntes de convecção, pelas qual o fluido se
aquece.
Figura 7b- Correntes de convecção descendentes.
REAGENTES
- Óleo;
- Corante;
- Álcool
etílico (96%);
- Água.
MATERIAL
- Lata de
metal;
- Vela;
- Areia;
- Frasco de
vidro;
- Gobelés;
- Conta
gotas;
- Vareta de
vidro;
- Seringa;
- Fósforos.
PROCEDIMENTO
EXPERIMENTAL
Preparação do suporte da experiência
1. Conceberam-se pequenas aberturas na
lata de metal para a entrada de oxigénio;
2. Colocou-se areia abaixo do nível das
aberturas;
3. Pousou-se a vela no interior da lata.
Preparação da solução
1. Adicionou-se algumas gotas de corante
a 100mL de água num gobelé;
2. Noutro gobelé, verteu-se 40mL de
álcool etílico (96%) e acrescentou-se algumas gotas de óleo como indicador de
densidade;
3. Com um conta gotas juntou-se a água
com corante à solução anterior até o óleo emergir;
4. Verteu-se a solução para o frasco de
vidro e preenchemos com óleo até ao topo;
5. Deixou-se repousar.
Montagem da experiência
1. Acendeu-se a vela;
2.
Colocou-se
o frasco de vidro com a respectiva solução em cima da lata de metal e
aguardaram-se uns instantes até se verificar movimentos na solução.
REGISTO DE DADOS/
OBSERVAÇÕES
Simulação
Iniciámos a simulação desta
pré-experiência com a montagem da sua estrutura. Pegámos num candeeiro lava luz
já existente, esvaziámos o seu conteúdo e iniciámos a simulação com água
contendo corante e óleo com posterior colocação de uma pastilha efervescente
nesta solução.
Depois de a colocarmos na solução, esta
emergiu até à água contendo corante, e é aí que tudo acontece. Quando esta
entra em contacto com a água, pudémos observar que ocorre a libertação de
bolhas de ar que arrastam consigo partes da fração colorida, que quando chegam
ao topo e o gás e libertado, voltam a descer até à base.
Conseguimos obter assim uma simulação
das correntes de convecção originárias dos candeeiros lava luz.
Com o passar do tempo, a pastilha
consome-se e deixa de fazer efeito, fazendo com que a solução estabilize,
voltando ao seu estado inicial.
Podemos observar que à medida que o
tempo passa a solução vai adquirindo movimentos convectivos, fazendo assim com
que esta quando se encontra na base seja aquecida e ascenda até ao topo.
Quando a solução chega ao topo
arrefece e observamos que esta adquire um movimento descendente e assim
sucessivamente.
DISCUSSÃO DE
RESULTADOS
Densidades:
óleo=
0,92g/cm3 (PTN)
álcool etílico=
0,79g/cm3 (PTN)
água=
1,00g/cm3 (PTN)
fração colorida ≃fração transparente *
* Sendo a
densidade da fração colorida ligeiramente maior que a da fração transparente.
Na atividade experimental “Lava luz”,
o frasco com a solução é considerado um sistema fechado por ser um sistema que
realiza trocas de energia com a vizinhança mas não realiza trocas de matéria.
No suporte
com aberturas onde está contida a vela já acesa, ocorre a reação de combustão
sendo o combustível a cera e o comburente o oxigénio proveniente do ar que
entra pelas aberturas. A reação de combustão da vela liberta energia sob a
forma de calor que é propagada pela radiação até ao frasco neste mesmo sentido,
seguindo a 2ª lei da termodinâmica.
Ao aquecer a
solução do frasco contendo frações duas frações líquidas diferentes que não se misturam
só a parte colorida aquece por estar mais próxima da fonte, ou seja, por estar
disposta na base do frasco, essa disposição ocorre por esta componente ter uma
densidade ligeiramente maior que a fração transparente.
Como efeito
do calor, a cota colorida vai adquirir uma maior energia cinética, o que
provoca uma maior vibração das partículas constituintes, necessitando assim de
um maior espaço, expandindo-se. Como consequência da sua expansão, a sua densidade
diminui.
Graças aos efeitos do calor,
inicia-se na solução outro mecanismo de transferência de energia dentro do próprio
fluido denominado de convecção e onde se verificam as correntes de convecção.
Sabendo que anteriormente, as duas
frações tinham as densidades aproximadas, a parte colorida ao diminuir a sua
densidade, possuirá uma densidade menor que a parte transparente e como o
fluido de menor densidade dispõe-se acima do fluido de maior densidade, efetuam-se
movimentos de ascensão por parte da cota colorida.
A componente
colorida ao ascender vai arrefecer, aumentando a sua densidade e a componente
transparente, disposta em baixo vai aquecendo diminuindo a sua densidade
dando-se a assim o processo oposto ao inicial. Este processo repete-se indefinamente
enquanto existir uma fonte de calor, neste caso até a vela se extinguir.
A injeção de
álcool etilico na cota colorida serve para diminuir a sua densidade para se
efectuar o processo de convecção mais facilmente.
Na simulação, não se verificam
correntes de convecção, mas o processo pretende representar o mesmo efeito.
O comprimido
efervescente é constituido por bicarbonato de sódio, ácido cítrico, entre
outros. A reação destes componentes com a água constituinte da cota colorida
desencadeia uma reação onde ocorre efervercência, ou seja, libertação de um gás
que neste caso é CO2 (dióxido de carbono). Ao ser libertado para a
atmosfera arrasta partes da fração colorida a água até a superfície. Na
libertação do gás, a parte colorida realiza um movimento descendente até a base
do pote.
CONCLUSÃO
Com esta experiência, conseguimos
entender melhor e consolidar os nossos conhecimentos acerca da densidade, da
sua variação com a temperatura bem como o conceito de dilatação térmica, com
base no subtema dos conteúdos de química de 12º ano: “Combustíveis, energia e
ambiente”.
Com a utilização de materiais básicos
do nosso quotidiano, conseguimos obter um candeeiro Lava luz, que proporciona
um belo efeito visual e atrativo, daí termos escolhido este experimento, pois
encontra-se diretamente relacionado com a arte.
Pudemos concluir também, que o nosso
candeeiro é um sistema fechado, pois realiza trocas de energia, mas não de
matéria e que este se move devido às correntes de convecção proporcionadas pela
diferença de tempertatura e, consequente diferença de densidade dos dois
componentes.
Na simulação, conseguimos obter o
mesmo efeito, mas devido ao gás libertado pela pastilha efervescente. Esta
experiência é menos eficaz, pois finaliza com o acabamento da pastilha. O mesmo
não acontece com o candeeiro movido a calor, que tendo sempre uma fonte de
energia, o efeito é duradouro.
https://www.youtube.com/watch?v=PUWoC6NIVmc&feature=youtu.be
http://www.mundogump.com.br/como-construir-sua-propria-lava-lamp/
http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a13.pdf
Simões, T., Queirós, M. & Simões, M. (2009).
Química em Contexto: 2. Combustíveis, Ener-gia e Ambiente, Química 12º ano, 1ª
edição. Porto, Portugal
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